Na semana passada nós fomos surpreendidos com o anúncio de que a EA/DICE está removendo o modo de duplas do Firestorm (Fogo Cruzado) no Battlefield V.
A explicação dada pela desenvolvedora é de que o modo não possui tanta popularidade no momento e que jogadores vem preferindo o modo em esquadrão.
Esse movimento pode nos ajudar a entender algumas escolhas executivas tomadas pela DICE, olhando para o passado, compreender a situação da falta de jogadores no Brasil e pensar sobre o futuro do modo e possíveis soluções.
No geral, o gênero Battle Royale é como um vírus, se espalhou pela indústria dos jogos e estabeleceu uma nova tendência mundial. Quando foi anunciado que o BF5 também teria um modo focado numa adaptação do gênero, muitos reclamaram de que a franquia estava seguindo rumos diferentes da sua identidade original, mas vê-lo incorporado ao jogo não seria um problema, e sim um bônus.
No Brasil, as reclamações iniciais foram diferentes: o modo possuía latência (ping) em jogo muito alta, inicialmente muitos pensaram que o problema tinha ligação com uma falta de servidores localizados, mas pouca investigação já mostrava que esse não era o caso.
O problema estava na busca automática de servidores, que tinha dificuldade de achar jogadores o suficiente para iniciar uma partida. Esse problema foi resolvido em 24 horas, pelo menos, os jogadores do PS4 ficaram satisfeitos em poder jogar dezenas de partidas, enquanto os jogadores do Xbox e PC não tiveram a mesma sorte.
A baixa popularidade do jogo ainda impedia jogadores de ter uma experiência com baixa latência no Brasil, na Oceania e na África do Sul.
Com a falta de jogadores e reclamações de alta latência no modo em diversas partes do mundo, e em todas plataformas, vocês podem argumentar que o jogo fracassou, se não possui partidas essa é a única explicação, mas a questão é um pouco mais complexa:
O Cenário do Firestorm
O Battlefield V teve um bom lançamento (é eu sei, isso não é o que vocês ouviram, mas BFV vendeu mais ou menos a mesma quantidade que o BF4 no mesmo período), não tão bom quanto a EA esperava, ainda assim melhor do que poderia ter sido após a desastrosa campanha de marketing inicial.
Até onde sabemos, o jogo vendeu quase 8 milhões de cópias no primeiro trimestre, comparado a outros jogos de tiro em primeira pessoa, são bons números, mas não o suficiente para o gênero Battle Royale:
- Fortnite possui mais de 300 milhões de jogadores, e;
- Apex possuía mais de 25 milhões de jogadores após uma semana;
A diferença fundamental é clara, ambos jogos são gratuitos. E o Firestorm vem sofrendo com uma base de jogadores menor; e uma equipe de serviço restrita, tudo porque ele é encarado pela produtora simplesmente como mais um modo e não um jogo completo cheio de potencial, esse é o conjunto que forma o Firestorm (Fogo Cruzado).
Possíveis Soluções
As questões a se resolverem aqui não são de produção, já que não estamos falando de “bugs” ou falta de criatividade, as soluções devem vir do âmbito executivo, algumas sugestões são:
- Oferecer o Firestorm de forma gratuita, separadamente do Battlefield V;
- Oferecer finais de semana especiais com acesso gratuito ao modo;
- Permitir a criação de missões e eventos da Comunidade específicos para o modo;
- Montar uma equipe responsável pelo 'serviço de vida' do Firestorm, separado do Battlefield V.
Talvez uma tentativa de urgência que a EA está tentando implementar, é trazer o Battlefield V para o EA Access, conforme anunciado recentemente, a fim de aumentar a base de jogadores. Porém, sem medidas rápidas, o Firestorm estará fadado a desaparecer, como qualquer outro modo do Battlefield que não seja o Conquista.