Battlefield Hardline Review - IGN


Um dos sites de análises de jogos mais respeitados hoje com certeza é a IGN. E na sua mais recente versão brasileira, ela fez uma análise completa de Battlefield Hardline. Se você não teve a oportunidade de jogar BF Hardline e / ou está em dúvida sobre a compra, agora é a hora de você decidir. Confira o review completo da IGN logo abaixo.

NÓS VAMOS INVADIR SUA BOCA

Jogos de tiro em primeira pessoa -- especialmente aqueles que privilegiam o modo multiplayer -- não são lá uma das melhores experiências para um novato em videogames. Entrar em uma arena online, em batalhas que podem ter mais de 60 pessoas, sem conhecer a diferença entre um revólver e uma pistola semi-automática (ou pior, sem nem saber mirar uma arma), é o segredo do fracasso para fazer alguém querer continuar brincando de atirar. Talvez seja esse o principal trunfo de Battlefield Hardline.

Ao se aproveitar do nome da consagrada franquia de jogos de guerra e utilizar esse know-how em um cenário policial, indo além do multiplayer e chamando a atenção para o modo Campanha, a parceria EA-Visceral tem a chance de trazer para si quem nunca teve ou paciência para aprender a atirar, ou instinto para se virar sem dar respawn a cada 10 segundos em jogos online.

O policial Nick Mendoza (à direita) e sua jornada rumo à corrupção

À primeira vista, jogar a campanha de Battlefield Hardline é como estar dentro de um episódio especial de Law and Order -- com a diferença que, no lugar do Ice Cube, está um detetive cubano falando com um digno sotaque paulistano da Mooca. A intenção de trazer Roger Moreira (vocalista do Ultraje a Rigor) para dublar o protagonista da campanha, Nick Mendoza, até que foi boa, pela proximidade do jogo com os anos 1980 (alguém falou em Miami Vice?) e pela ligação que Roger tem com (parte do) público brasileiro. Entretanto, apesar da marra que lhe é característica, a dublagem do roqueiro fica no meio termo entre ser algo para ser levado a sério ou apenas uma interpretação digna do saudoso Tela Class de Hermes e Renato. Os outros personagens, porém, aparecem com dublagens competentes e envolvem facilmente o jogador.

O clima de seriado policial é levado a sério pela Visceral: ambientadas em áreas urbanas e pontos de tráfico de drogas (conhecidas como “bocas”), as missões -- que contam uma história que você já viu em algum lugar antes, mas ainda assim é bacana -- são divididas em episódios. Entre uma e outra, aparece um menu muito semelhante ao do Netflix, com uma contagem regressiva de quinze segundos para que a próxima comece. As cutscenes elaboradas e os diálogos também ajudam nessa sensação de ter ligado o videogame direto na TV a cabo, tornando Battlefield Hardline um título muito amigável para quem está acostumado a jogar outros gêneros ou está curtindo um de seus primeiros games.

A grande presença de elementos de stealth, por exemplo, pode atrair fãs de games como Far Cry e o conflito entre policiais e bandidos é uma piscadela marota da EA para o sucesso de Grand Theft Auto V – isso para não falar nos quick-time events bizarros que aparecem no meio do jogo. No terceiro episódio, por exemplo, Mendoza e sua parceira corrupta têm de investigar envios de cocaína no meio de um pântano, e, entre um tiro e outro, o cubano precisa escapar de ser engolido por um jacaré. Minha primeira reação foi a de cair na risada, mas trata-se de algo sem necessidade para o rumo da narrativa. Ao longo do game, os quick-time events acabam incomodando pela repetição.

Render os bandidos é uma tática interessante e pacífica em Hardline

Há, no entanto, um elemento novo em Battlefield Hardline que traz novas possibilidades ao universo dos shooters: como você é um policial, não precisa simplesmente sair matando todo mundo. Você pode mostrar seu distintivo, algo que a maioria dos bandidos respeita, e imobilizá-los com suas algemas, criando uma estratégia totalmente diferente do que apenas atirar e eventualmente se esconder para não morrer. Para valorizar essa nova possibilidade, quem prende suspeitos ao invés de matá-los acaba ganhando mais pontos, auxiliando quem brinca de ser um tira legal. E como se sabe, mais pontos acabam se revertendo em armas e equipamentos melhores.

Ainda assim, a se julgar pelo modo Campanha, Battlefield Hardline quase não mereceria carregar o título da franquia que ostenta. Apesar de ser inegavelmente um shooter, é um game bastante distante da realidade militarista da série, sendo a associação muito mais uma ferramenta mercadológica do que exatamente uma promessa de franca trocação de tiros.

TODOS CONTRA TODOS

Não que quem seja um fã histórico de Battlefield vá se desanimar com o que encontra em Hardline: é no modo multiplayer, na qual a franquia tem suas próprias raízes, que a diversão de verdade vai acontecer para quem já está acostumado com a série. Há, claro, os modos clássicos de Battlefield: conquista (divididas em pequenas e grandes) e cada um por si, que não apresentam grandes novidades às versões anteriores, especialmente no que diz respeito aos gráficos.



No caso desses últimos, as diferenças são muito sutis para Battlefield 4, e às vezes o jogo gosta de desafiar as leis da física de maneira complicada: é possível pilotar uma moto dentro da água mesmo que o nível esteja a mais de um metro, e às vezes, barcos podem andar pela lama. Além disso, é uma pena que a EA não tenha investido em trazer Hardline com 1080p, preferindo deixar o jogo rodando a 720p, mas a 60 frames por segundo. A dublagem, porém, compensa as coisas, com frases divertidas como “Vou te pegar, c****!” ou “Vamos f**** com eles”. Outro ponto interessante são as rádios que aparece quando você está em um carro, com presenças tão diversas como Jay-Z, The Clash e Creedence Clearwater Revival (ainda que o escopo da trilha sonora fuja da pegada anos 1980 do modo Campanha).

Mas há também modos novos, adaptados ao contexto de “polícia e ladrão” que todo mundo já brincou quando era criança. A EA entrega o que promete, especialmente nos modos desafiadores sem respawn. Em Roubo, é preciso levar encomendas de um carro blindado para um esconderijo, enquanto em Dinheiro Sujo, são pilhas de dinheiro que tomam o lugar das encomendas. Há ainda dois modos competitivos que funcionam de forma espelhada: em Resgate, policiais precisam salvar um refém dos bandidos, enquanto em Mira, os tiras têm a função de proteger uma testemunha do ataque dos meliantes. Em ambos os casos, não há reentrada, o que torna o modo complicado para novatos.


Por fim, mas não menos importante, há Ligação Direta, que funciona como uma versão motorizada das Conquistas: no lugar de pontos específicos, há veículos marcados pelo mapa e é preciso tomar conta de todos eles para vencer. É um modo intenso: com toda a mobilidade, é difícil achar uma zona de conforto. Inimigos podem chegar de qualquer lugar (e até mesmo de um helicóptero pousando em cima do seu carro, o que parece absurdo, mas quem liga?), o que é sem dúvida uma novidade interessante para um sistema de jogo que é acusado constantemente por detratores de ser “sempre a mesma coisa”. Há apenas nove mapas no jogo todo, mas eles são tão grandes e variados (entre o centro de Los Angeles ou uma plantação de maconha) que isso não chega a ser um defeito -- e com certeza mais cenários estão para chegar via DLCs.

Novos equipamentos, como ganchos e tirolesas, são úteis para ir de um lado ao outro do cenário (o que é especialmente necessário nos modos em que é preciso levar dinheiro ou encomendas de um canto a outro, embora seja difícil armar uma dessas estratégias quando se está sob fogo cruzado). O único problema é que você normalmente precisa dos dois para conseguir usá-los: um para descer obstáculos, o outro para subir, tendo de deixar de lado ferramentas como caixas de munição e coletes blindados. Outro destaque é a volta do modo Comando, agora chamado de modo Hacker, que deixa você sequestrar câmeras, lançar gases e confundir inimigos sem dar um único tiro -- embora quem não esteja acostumado vá sofrer para entender cada uma das ações disponíveis.

Ao menos nesta semana de lançamento, é de se destacar que Hardline não enfrentou os mesmos problemas que seu antecessor quanto ao funcionamento dos servidores. A vasta maioria das partidas multiplayer conectou-se rapidamente, e a conexão permaneceu consistente (quando caiu, era muito mais culpa da internet local do que dos servidores da EA).

QUEM DEVE JOGAR ESTE GAME?

Quem nunca se arriscou em um jogo de tiro vai se sentir à vontade no modo Campanha de Battlefield Hardline, com sua ambientação “essa série eu já vi” do mundo policial e sua aproximação de outros estilos de game. Já quem é fã de carteirinha da série vai encontrar variedade nos novos modos multiplayer, e provavelmente terá boas horas de diversão na pegada policial dos velhos modos “cada equipe por si” e Conquista.

O VEREDITO

É difícil ignorar Battlefield Hardline. Ao mirar em todos os tipos de jogadores, a parceria da EA com a Visceral atinge um pouco de cada um deles -- dos novatos aos veteranos. O destaque dado ao modo Campanha pode não atrair a todos os jogadores, mas sua inspiração no mundo da televisão e a boa dublagem nacional (apesar de Roger Moreira, que invadiu uma praia que não é sua) trazem bom humor à franquia, enquanto o modo multiplayer ganha em profundidade sem perder seus pilares. Hardline não é um headshot perfeito, mas é o suficiente para conquistar seu espaço entre os jogos mais interessantes (até agora) da safra 2015.

NOTA: 7.8 / 10 - BOM: A aposta em uma campanha com cara de seriado de TV e nos novos modos multiplayer resulta em um dos games mais interessantes do ano até agora.

Fonte: BR.IGN.com

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